Caulfield
Depois de muito mofo nesse blog, resolvi postar nessa segunda-feira chuvosa e solitária de Janeiro na cidade de São Carlos.
Semana passada tive uma sensação muito boa, e em dobro. Sabe quando se termina um livro e uma certa emoção lhe toma o seu interior? Pois é! Tive esse sentimento em dobro, no mesmo dia. Acabei de lêr dois livros em um dia só: "O Apanhador do Campo de Centeio" (The Catcher in the Rye) do autor americano J.D. Salinger e "O Auto da Compadecida" do paraibano de João Pessoa, Ariano Suassuna.
Esse post eu não recomendo que seja lido por alguém que quer ler o livro de Salinger pois pode conter spoiler. Se você leitor desse humilde blog não se importar com isso, continue em frente.
Como será que é ser surdo e mudo, ou a coisa que o valha?
"Não vou saber dizer o que há...
Não vou poder jamais explicar
os dias em que pensei ter
respostas para tudo
fingindo ser forte e negar
que eu nem sei se eu quero saber
se amanhã vai ser igual (ou não)...
Porque me assusta tanto
não ter histórias pra te ouvir contar."
O primeiro livro, que é o "alvo" deste post, conta a história de um fim de semana de um garoto chamado Holden que é expulso, pela terceira vez, da escola e resolve voltar pra casa. A história é curta e simples. Entretanto, o que torna o livro cativante é o seu personagem principal.
A minha simpatia pelo garoto deve ser comum a todos os leitores desse clássico da literatura americana.
Vejo em Holden, muitos dos sentimentos que possuo e também muito dos que repudio, e gosto muito das ações do rapaz, como a pensar sobre todas as coisas e pessoas com quem se encontra em seu caminho ou o repúdio pela falsidade. Em determinado trecho do livro, o garoto menciona a sua irmã mais nova, a quem tem uma grande adoração que, na casa dele, não existirá falsidade. Isso será proibido. Entretanto ele é contraditório nisso, pois é um grande mentiroso, daqueles de primeira linha, que, aliás, foi algo que achei bastante divertido no livro. Para quem me conhece sabe porque estou falando isso.
=D
Como será que é querer ser surdo e mudo, ou a coisa que o valha?
Essa frase inclusive esclarece muita coisa sobre o livro e sobre perda de ilusão, sobrer o conformismo e a inércia cerebral. Apesar de se tratar de um personagem muito deprimente, com a moral muito baixa e sempre com muito pezar, existe um humor melancólico em sua jornada e acho que isso é algo que temos, ou que pelo menos eu tenho muito em comum com o Holden, fazer piada de nossas piores situações.
Além disso ele é, como dizer, um desajsutado socialmente.
Não se adaptar a sociedade, ao sistema e aos valores que fazem o coletivo funcionar é sempre algo tão penoso e tão dificil visto que, o "jogo" é esse e, a partir de uma ceta idade, por alguma razão, acreditamos termos de jogar e não tentar mudar as regras. Espero que esse processo demore muito ainda comigo, apesa de saber que já está se encaminhando. As desilusões fazem parte dessa mudança de rumo e faz mudar o lado do egoísmo. Egoísmo?
Sim! Ser contra a sociedade e as regras que ela nos impõe é tão egoísta quanto não pensar no bem das outras pessoas que nos circundam. Um dos pontos chaves para o funcionamento da raça humana foi a organização e, apesar do muito mal que essa organização nos fez, vejo-a como parte vital da nossa sobrevivência. Então poderemos considerar um ato de bem comum quando nos entregamos as suas regras e suas condições para que nós humanos continuemos sobrevivendo.
O que não vejo muito sentido é "continuar sobrevivendo" com todo o sofrimento e privação que nos é imposto. Sabe-se la porque mas viver deve ser o maior prazer de qualquer ser vivo. Deve ser um prazer natural/instintivo, visto que fazemos de tudo por isso.
"Teorias de viver
não me deixaram rumos
e agora eu estou parado.
As pessoas vão e vem
e é tudo tão confuso...
eu só queria voltar pra casa."
Como será que é querer ser surdo e mudo para que as pessoas não tenham de falar com você pois ja estão cansadas de escrever em um bilhete e te entregar, ou a coisa que o valha?
Egoísmo que também é outro traço marcante de Holden.
Que mais uma vez se mostra contraditório quando, indagado sobre sua irmã mais nova sobre o que ele quer fazer da vida ou o que ele gosta, ele diz que quer ser um apanhador do campo de centeio, daqueles que agarram as crianças descuidadas que brincam em um campo de centeio perto de um abismo e que pra la se deslocam e quase caem. Mas para evitar essas quedas, temos o apanhador do campo de centeio.
No fundo, mesmo depois das desilusões, das decepções e da destruição dos sonhos, preservar a vontade e o sonho foi algo que sempre busquei, o que muitas pessoas confundem com mundo rosa e, sobretudo, compartilho a vontade de ter uma casa sem falsidades.
Como será que é desistir de querer ser surdo e mudo, ou a coisa que o valha?
"Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio!"
Semana passada tive uma sensação muito boa, e em dobro. Sabe quando se termina um livro e uma certa emoção lhe toma o seu interior? Pois é! Tive esse sentimento em dobro, no mesmo dia. Acabei de lêr dois livros em um dia só: "O Apanhador do Campo de Centeio" (The Catcher in the Rye) do autor americano J.D. Salinger e "O Auto da Compadecida" do paraibano de João Pessoa, Ariano Suassuna.
Esse post eu não recomendo que seja lido por alguém que quer ler o livro de Salinger pois pode conter spoiler. Se você leitor desse humilde blog não se importar com isso, continue em frente.
Como será que é ser surdo e mudo, ou a coisa que o valha?
"Não vou saber dizer o que há...
Não vou poder jamais explicar
os dias em que pensei ter
respostas para tudo
fingindo ser forte e negar
que eu nem sei se eu quero saber
se amanhã vai ser igual (ou não)...
Porque me assusta tanto
não ter histórias pra te ouvir contar."
O primeiro livro, que é o "alvo" deste post, conta a história de um fim de semana de um garoto chamado Holden que é expulso, pela terceira vez, da escola e resolve voltar pra casa. A história é curta e simples. Entretanto, o que torna o livro cativante é o seu personagem principal.
A minha simpatia pelo garoto deve ser comum a todos os leitores desse clássico da literatura americana.
Vejo em Holden, muitos dos sentimentos que possuo e também muito dos que repudio, e gosto muito das ações do rapaz, como a pensar sobre todas as coisas e pessoas com quem se encontra em seu caminho ou o repúdio pela falsidade. Em determinado trecho do livro, o garoto menciona a sua irmã mais nova, a quem tem uma grande adoração que, na casa dele, não existirá falsidade. Isso será proibido. Entretanto ele é contraditório nisso, pois é um grande mentiroso, daqueles de primeira linha, que, aliás, foi algo que achei bastante divertido no livro. Para quem me conhece sabe porque estou falando isso.
=D
Como será que é querer ser surdo e mudo, ou a coisa que o valha?
Essa frase inclusive esclarece muita coisa sobre o livro e sobre perda de ilusão, sobrer o conformismo e a inércia cerebral. Apesar de se tratar de um personagem muito deprimente, com a moral muito baixa e sempre com muito pezar, existe um humor melancólico em sua jornada e acho que isso é algo que temos, ou que pelo menos eu tenho muito em comum com o Holden, fazer piada de nossas piores situações.
Além disso ele é, como dizer, um desajsutado socialmente.
Não se adaptar a sociedade, ao sistema e aos valores que fazem o coletivo funcionar é sempre algo tão penoso e tão dificil visto que, o "jogo" é esse e, a partir de uma ceta idade, por alguma razão, acreditamos termos de jogar e não tentar mudar as regras. Espero que esse processo demore muito ainda comigo, apesa de saber que já está se encaminhando. As desilusões fazem parte dessa mudança de rumo e faz mudar o lado do egoísmo. Egoísmo?
Sim! Ser contra a sociedade e as regras que ela nos impõe é tão egoísta quanto não pensar no bem das outras pessoas que nos circundam. Um dos pontos chaves para o funcionamento da raça humana foi a organização e, apesar do muito mal que essa organização nos fez, vejo-a como parte vital da nossa sobrevivência. Então poderemos considerar um ato de bem comum quando nos entregamos as suas regras e suas condições para que nós humanos continuemos sobrevivendo.
O que não vejo muito sentido é "continuar sobrevivendo" com todo o sofrimento e privação que nos é imposto. Sabe-se la porque mas viver deve ser o maior prazer de qualquer ser vivo. Deve ser um prazer natural/instintivo, visto que fazemos de tudo por isso.
"Teorias de viver
não me deixaram rumos
e agora eu estou parado.
As pessoas vão e vem
e é tudo tão confuso...
eu só queria voltar pra casa."
Como será que é querer ser surdo e mudo para que as pessoas não tenham de falar com você pois ja estão cansadas de escrever em um bilhete e te entregar, ou a coisa que o valha?
Egoísmo que também é outro traço marcante de Holden.
Que mais uma vez se mostra contraditório quando, indagado sobre sua irmã mais nova sobre o que ele quer fazer da vida ou o que ele gosta, ele diz que quer ser um apanhador do campo de centeio, daqueles que agarram as crianças descuidadas que brincam em um campo de centeio perto de um abismo e que pra la se deslocam e quase caem. Mas para evitar essas quedas, temos o apanhador do campo de centeio.
No fundo, mesmo depois das desilusões, das decepções e da destruição dos sonhos, preservar a vontade e o sonho foi algo que sempre busquei, o que muitas pessoas confundem com mundo rosa e, sobretudo, compartilho a vontade de ter uma casa sem falsidades.
Como será que é desistir de querer ser surdo e mudo, ou a coisa que o valha?
"Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio!"