24 junho 2008

Personas

Olá!

Outro dia estava eu e um grande amigo meu, o André, conversando sobre coisas aleatórias no msn. Em um certo ponto da conversa, começamos a falar sobre que livros estávamos lendo. Ele respondeu que estava lendo um chamado "Os Intelectuais" cujo autor esqueci agora o nome. Eu disse então que estava lendo "Por quem os Sinos Dobram", do norte americano Ernest Hemingway. Desse autor eu li apenas um livro anteriormente muito menor do que o que estou lendo agora mas memso assim gostei muito. Muito mesmo! O outro livro altamente recomendado desse cara é um chamado "O Velho e o Mar"! De qualquer maneira, eu não estou aqui para falar dos livros mas sim de uma coisa que o André me disse durante a conversa. Disse ele algo como que o Hemingway era um mentiroso, um grande mentiroso de me fazer inveja! E complementado, disse que o cara não prestava! Dai fiquei bem intrigado e perguntei por que ele tava dizendo aquilo. Sua resposta foi de que ele leu isso em uma biografia sobre o autor norte americano! E isso me deixou bem encucado! Essa conversa foi a cerca de três semanas atrás e ainda penso nisso!

O motivo que isso me incomoda ou que pelo menos me faz pensar é sobre como podemos conhecer alguém lendo sua biografia. Por mais perfeita que seja essa biografia de maneira que podemos julgar que essa pessoa "presta" ou não, ainda não tivemos a convivência com ela. De uma maneira bem fria podemos dizer se gostaríamos de ter uma relação mais estreita com um biografado pelo que ta escrito lá. E fiquei pensando em quais amigos meus gostariam de ser meus amigos se por acaso tivessem lido uma biografia minha, com todas as coisas boas e ruins que eu fiz durante a vida inteira. Se soubessem de todos os fatos, desde os mais gloriosos até os mais obscuros da minha vida! Será que eu teria tantos amigos quanto tenho hoje e a outra pergunta é, será que o André seria meu amigo mesmo assim?

Fiquei pensando também por que meus amigos são esses que tenho, sendo que todos são diferentes e gosto simplesmente muito de todos eles! Pelo menos meus amigos de verdade! Será que eles gostaram do personagem que eu sou? Ou será que vêem através dessa imagem uma pessoa que talvez nem mesmo eu mesmo sou mais capaz de ver? De qualquer forma, fiquei pensando sobre o personagem da minha biografia: seria o Marreco? Seria o Otávio? Esses dois são a mesma pessoa? Essencialmente ou literalmente? Dúvidas!

Por fim, o outro pensamento é sob que condição alguém, de acordo com sua biografia, é qualificada como uma boa pessoa? Se alguém passa a juventude inteira fazendo coisas "erradas", se envolvendo com pessoas de comportamentos ruins, mas que de repente sai dessa cidade onde mora, e qdo chega a outro lugar começa a mudar o estilo de vida, ajudando a quem pode, lutando por causas mais nobres por assim dizer, como qualificar essa pessoa? Como julgá-la? Acho que isso requer responsabilidade, e muita. E também uma grande sensatez, além é claro, de uma certeza muito grande nos seus princípios e nos seus valores. No fundo, é algo que não costumo fazer. Mas uma coisa acho engraçada nisso tudo: a necessidade de julgamento de caráter. Acho que o voyerismo não é algo que veio só com o Big Brother! Deve ser algo, como diria um outro amigo meu, "da natureza humana"!

Até!

8 Comments:

Blogger fortes said...

se na sua biografia tivesse q teu tio foi corsario da armada espanhola eu seria teu amigo...

12:21 PM  
Blogger Unknown said...

Oi Marreco, ou Otávio ou até Otávio-Marreco...
Já vi um psicanalista falar que o outro pra nós é o que imaginamos dele, dentro de algo que ele, ou sua imagem, podem ser. Então infelizmente ninguém se conhece mesmo, aliás nem nós mesmos.
Quanto a julgar alguém logo de cara, ou de biografia, você no post deu a dica...quem de nós seríamos seus amigos depois de uma biografia sua? Acho que vou lembrar desta frase quando essa idéia de pré-julgamento vier.
Aliás o pré-julgamento parece ser de natureza animal, pra auto preservação.
beijo

12:17 AM  
Blogger Nathalia said...

hum
acho que devemos duvidar até de autobiografias.
mas,
po, é normal as pessoas terem uma concepção apriorística de outras, rs. todo mundo faz isso o tempo tudo. simplesmente impossível não julgar os outros.eu, sinceramente, acredito que as relações entre as pessoas são feitas de pura fantasia! aliás, acho q é preciso mta encenação pra vida fluir... e como julgar uma pessoa? mesmo se ela fez coisas erradas a juventude toda? (alias, tá falando sobre vc? fiquei curiosa, rs). ora, a gente julga as pessoas pelo nosso conhecimento de mundo. e marreco, otávio,e qualquer outro vc, são a mesma pessoa desempenhando papéis diferentes. as CIÊNCIAS SOCIAIS explicam (hehe, só pra puxar sardinha pro meu lado). Não se preocupe, vc não é esquizofrenico, e Freud não explica coisa alguma, haha. E qto as suas inquietações sobre julgamentos alheios, deixa rolar. Como já disse Pirandello, "Assim é, se lhe parece". bjocas
:)

12:39 AM  
Blogger Tiago Cau said...

Será que eu serei biografado?

espero que não!

9:14 AM  
Blogger André said...

Olá! Bem, já que meu nome foi mencionado, e já que eu inconscientemente forneci a motivação deste post, creio que devo fazer alguns breves comentários:

1. O nome do autor é Paul Johnson.

2. "O velho e o mar" é muito bom mesmo! O talento literário de Hemingway não está em questão, e seu Nobel foi mais que merecido.

3. Não acho que possamos conhecer alguém lendo sua biografia, se você entende "conhecer" como um relacionamento interpessoal. Mas obviamente podemos, se com isso se entende apenas a obtenção de informações sobre os elementos envolvidos na vida da pessoa, suas ações e as circunstâncias em que viveu. E isso basta para saber se uma pessoa presta ou não, ou quais aspectos dela prestam.

4. Visto que eu conheço você no primeiro sentido da palavra, não sei se eu gostaria de ser seu amigo caso o conhecesse apenas no segundo. Semelhantemente, visto que conheço Hemingway apenas no segundo sentido, não sei se gostaria de ser amigo dele se o conhecesse no primeiro. Tudo o que posso dizer com certeza é que a maioria dos amigos que você teve parece ter gostado da experiência (eu incluído), e a maioria dos amigos de Hemingway se arrependeram de tê-lo sido um dia.

5. É inegável que o caráter de uma pessoa pode mudar muito ao longo da vida, tanto para melhor quanto para pior, de modo que em muitos casos é impossível resumir o caráter de alguém numa única sentença. Mas esse não é o caso de Hemingway, de modo que as suas considerações no último parágrafo são perfeitamente compatíveis com o que eu disse dele.

6. Uma consideração mais relevante a ser feita é que, mesmo se considerarmos uma única fase da vida da pessoa, a melhor ou a pior (moralmente falando), existem ali aspectos bons e aspectos ruins, e o biógrafo que citei fala de ambos. Nenhum ser humano tem, nem por um momento, todas as qualidades ou todos os defeitos que poderia ter. Se eu disse que Hemingway não prestava, o que eu quis dizer é que seus defeitos prevalecem fortemente sobre suas qualidades. Não poderia ser outra coisa.

7. Julgar uma pessoa sem conhecimento de causa é um erro terrível. Quase tão terrível quanto esse é o erro de recusar-se a julgar quando se está na posse plena dos elementos necessários. Espero que sejamos capazes de evitar ambos os extremos.

Abraços!

8:06 PM  
Blogger Golb said...

meu... até os comentarios do andre sao grandes.

e marreco, se vc tivesse uma biografia seria algo do tipo big fish, seria bastante batuta

6:14 PM  
Anonymous Anônimo said...

eu não seria sua amiga se lesse uma biografia sua. ashuhsauh

3:55 AM  
Blogger melancia said...

Marrequito! Passei por aqui pra te adicionar no meu blog e dizer pra você ir ver o Anticristo!
Beijos
Lud

5:41 PM  

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