29 janeiro 2008

Necessitamos da Mediocredade

Olá!

A idéia de escrever esse post veio ontem durante uma madrugada em boa companhia virtual. Na verdade a inspiração surgiu ao pensar sobre um fato que tinha me acontecido momentos antes.
Ontem a noite eu assisti uma série chamada "House", que é sobre um médico muito bom. Muito bom mesmo. Entretanto, sua genialidade é muitas vezes suplantada por sua personalidade e suas atitudes. Muitas vezes irritante, aliás, a maioria das vezes que pronuncia alguma palavra, o personagem de Hugh Larry põe em cheque um "princípio" de nossa ética que diz que todos os cidadãos merecem tratamento igualitário. Pra quem nunca assistiu a série, basta dizer que o Sr. Greg House não costuma obedecer normas do hospital em que trabalha, não usa jaleco e muitas vezes se recusa a ver os paciêntes para diagnosticar suas enfermidades.

No post que coloquei aqui o texto sobre o Garrincha chamado "O Maior de Todos", existe uma célebre frase do Nilton Santos, a enciclopédia do futebol, que diz assim:

"É verdade que o Mané não aparece na revisão médica às segundas-feiras. É que na segunda-feira ele vai para Pau Grande, sua cidade, caçar passarinho. Sei também que nem sempre ele aparece para treinar na terça, principalmente quando o tempo está bom. É que ele dá uma esticadinha, fica caçando mais um pouco, e tomando sua cachaça. É também fato que ele vira-e-mexe foge da concentração. Mas ninguém pode acusá-lo de não jogar aos domingos e nos jogos ele garante o nosso bicho. É só isso que temos de cobrar dele: que nos garanta os prêmios por vitórias. Esse negócio de revisão médica, treinamentos, concentrações é para nós, mortais, comuns. O Mané é diferente".

Podemos notar isso em diversas áreas e atuações e esse tipo de comportamento, averssão as leis e normas e talvez, em último caso, acreditar mesmo que está acima delas é bem comum. Quem nunca teve aquele colega de escola que simplesmente dormia em aulas e tirava dez nas provas sem estudar, simplesmente por, de alguma forma, conseguir assimilar e perceber o mundo a sua volta. O problema é que os filmes e as grandes histórias são sempre de gênios do esporte, da literatura, da ciência, das artes etc. Eles nunca falam sobre pessoas comuns, medíocres. Não podemos esquecer também que um mundo não poderia ser feito somente de Van Goghs ou Portinaris, ele tem de ser feito de Joãos e Pedros que são os caras que pintaram a minha casa, e a pintaram muito bem, diga-se de passagem. Não podemos ter somente Garrinchas e Zizas, temos de ter também Dalmos e Niltons Santos: mortais!

O que eu quero dizer depois disso tudo é que, o que move o mundo é o mediano, o mediocre, que se adequa, que se disciplina. O que move o mundo é o conjunto de indivíduos que funcionam como uma massa em uma mesma direção. Necessitamos de pessoas medíocres para a sociedade da forma como conhecemos funcionar razoavelmente uniforme, entretanto precisamos de gênios e o fora do comum para abrilhantar e alegrar nossa breve existência.


Até!